POLÍ(P)TICO | POLI(P)TIC

Formando as páginas/quadros, o leitor, ao abrir o livro, se depara com o excerto da definição “do político” feito pela filósofa Chantal Mouffe1. 

A reprodução retirada diretamente do livro de Mouffe, foi recortada em quatro partes e disposta no interior do políptico de tal forma que exija do leitor um duplo esforço na interação com o trabalho. O primeiro esforço é o da leitura em si. O leitor é livre para ler na ordem que quiser. Entretanto, para achar a ordem pretendida originalmente pela autora, precisa fazer uma série de idas e vindas entre os planos articuláveis do políptico. O segundo esforço se encontra no manuseio do objeto que, em função de suas dobras e de seu peso, exige uma certa força física por parte do leitor. O que se desprende desse capítulo é (1) que mesmo formas e meios artísticos que parecem ser historicamente neutralizados em sua potência política, caso do políptico, não o são – nunca o foram, toda arte é política; e (2), assim como na arte e na vida, é preciso força, não só física, mas, principalmente, de vontade – intencionalidade – para interagir, entender, refletir e modificar. O objetivo é o de, quebrando a lógica do azeitamento, da arte como lubrificante social, oferecer resistências para o leitor que, mesmo sem entender num primeiro momento, permanece com o trabalho em seu corpo e sua mente pensando nas possíveis GeoMetrias daquilo, quiçá, nas Geometrias do mundo.


EN

Forming the pages/tables, the reader, upon opening the book, comes across an excerpt from the definition of “the political” made by the philosopher Chantal Mouffe1.

The reproduction taken directly from Mouffe's book was cut into four parts and arranged inside the polyptych in such a way that it requires the reader to make a double effort when interacting with the work. The first effort is the reading itself. The reader is free to read in any order they wish. However, to find the order originally intended by the author, he needs to make a series of back and forth between the articulated planes of the polyptych. The second effort is found in handling the object which, due to its folds and weight, requires a certain physical strength on the part of the reader. What emerges from this chapter is (1) that even artistic forms and means that seem to be historically neutralized in their political potency, such as the polyptych, are not – they never were, all art is political; and (2), just like in art and in life, it takes strength, not only physical, but, mainly, of will – intentionality – to interact, understand, reflect and modify. The objective is to, breaking the logic of oiling, of art as a social lubricant, offer resistance to the reader who, even without understanding at first, remains with the work in his body and his mind thinking about the possible GeoMetries of that, perhaps, in the Geometries of the world.

1. Como la dimensión de ‘lo político’ siempre está presente, nunca puede haber una hegemonía completa, absoluta, no excluyente. En ese marco, las prácticas artísticas y culturales son absolutamente fundamentales como uno de los niveles en los que se constituyen las identificaciones y las formas de identidad. No se puede distinguir entre arte político y arte no político, porque todas las formas de prácticas artísticas o bien contribuyen a la reproducción del sentido común dado – y en ese sentido son políticas –, o bien contribuyen a su deconstrucción o su crítica. Toda las formas artísticas tienen una dimensión política (MOUFFE, 2007, p. 26). in: MOUFFE, Chantal. Prácticas artísticas y democracia agonística. Barcelona: Universitat Autònoma de Barcelona, 2007.

Concepção e realização artística / Conception and artistic director / Création et direction artistique Diego Kern Lopes

Polí(p)tico

Diego Kern Lopes

Livro de Artista | Porta retratos com excerto de livro 

12 x 7 x 16 cm

Vitória2016